O que hoje tratamos como IA é o que o mercado convencionou chamar de machine learning (aprendizado da máquina). Mas máquinas são capazes de aprender? A resposta é sim, e cada vez mais. Para entender como isso acontece, é só pensar nos algoritmos, expressões matemáticas que viram códigos de programação, preparando computadores para armazenar e analisar dados e, a partir daí, indicar melhores soluções para as pessoas. E isso pode soar familiar - afinal, já acontece todos os dias na nossa vida.
Você certamente já se surpreendeu com alguma oferta que apareceu milagrosamente no seu gadget, bem quando o pensamento sobre determinado produto surgiu na sua mente. Trata-se de um ótimo exemplo de machine learning. Por meio do nosso padrão de navegação, os algoritmos estão captando dados e praticamente adivinhando o que queremos.
Caso essa ideia esteja parecendo um pouco assustadora e invasiva, saiba que quem investe nisso está preocupado também em manter a inteligência artificial em níveis éticos. E os benefícios desse tipo de tecnologia já são surpreendentes.
Pesquisadores do MIT criaram um sistema que analisa a fala de crianças num teste no qual elas são apresentadas a uma série de imagens acompanhadas de uma narrativa. Ao final, são convidadas a recontar a história. O sistema, então, percebe as variações na fala e diagnostica problemas fonoaudiológicos. Outra boa ideia vem da Bélgica: um algoritmo para avaliar doenças no pulmão. Juntando exames clínicos com dados dos pacientes, como índice de massa corpórea, histórico de tabagismo e idade, o sistema é capaz de fazer um prognóstico preciso, auxiliando os médicos.
Simplificando a vida
E para quem precisa planejar e criar campanhas? Será possível usar essa tecnologia para facilitar a vida? Com certeza. Desde o uso de plataformas de mídia programática e publicidade nativa, até a onda de chatbots que estão invadindo as redes sociais das marcas.
Um case interessante foi o vencedor do bronze no Smarties 2016. No lançamento do filme Goosebumps foi utilizado um robô para responder questões no Facebook, como se fosse um dos vilões do filme. Resultado: a produção venceu nas bilheterias naquele final de semana e a ação gerou mais de 440 horas de interação - de pessoas com um robô!
Automatizando a mídia digital, a verba é usada mais eficientemente. O Waze otimiza as campanhas a partir de descobertas do sistema, tais como o fato de que as pessoas tendem a clicar mais em "Salvar Local" quando o anúncio aparece no final da navegação. E o contrário também é verdade: há mais cliques em "Ir agora" quando o anúncio aparece no começo do trajeto.
A verdade é que esse é um caminho sem volta e um ciclo infinito. As máquinas aprendem com o que fazemos e nós usamos o resultado disso para avançar mais, ensinando novos tópicos e comportamentos a elas.
Mas não tema! A criatividade ainda é exclusiva dos humanos e nossa vantagem competitiva nesse jogo. O negócio é usá-la sem moderação.
>> Precisa de um atalho?
- A Inteligência Artificial está focada em machine learning, computadores capazes de aprender.
- Esta tecnologia já está integrada em nossas vidas: chatbots, mídia programática, publicidade nativa.
- Com o uso de IA é possível aumentar a eficiência, mas a criatividade ainda é exclusiva dos humanos.
Thiago Costa é jornalista e mestre em
Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP e especialista em Marketing
pela FAAP, onde atua na Faculdade de Comunicação e Marketing, como professor do
curso de Publicidade e Propaganda e coordenador do curso de pós-graduação em
Comunicação e Marketing Digital. É sócio da agência EVCOM, trabalhando na
comunicação entre pessoas e marcas desde 2004. Quer saber
mais? Conheça
nossos autores